Nosso pecado

Sinto que pequeninas labaredas tocam minha pele

me estico, me entreabro, melosa e preguiçosa.

Busco-te, roço com as mãos o lençol ainda quente

e cheirando ao pecado, maldito e demente,

mas deliciosamente nosso.

Sinto que o vazio já se faz presente, vazio de você.

E, plena do seu cheiro busco-te na memória,

revejo suas marcas em mim,refaço nossa história,

beijo-te com o gosto da manhã que se alevanta,

morosa e fresca, raítos de sol pequeninos

tocam-me fazendo cócegas, percorrendo meu corpo

como se fossem seus dedos longos,

rio.

No lençol os vincos do amor bandido,

na fronha do travesseiro, os gritos abafados,

pelo chão espalhados fragmentos do desejo incontido.

tudo é nosso passado, recente e vivo.

Nossas curvas medidas pelo tato, palmo a palmo,

espalmando nosso pecado mais íntimo e velado.

Apenas entregue e doado de bom grado,

um ao outro.

Agora tudo é passado. Teu vulto sumiu na curva do meu sono.

Teu corpo deixou o meu no abandono

da vida que chamava pelo seu dono.

Foste e deixas-te teu gosto, teu cheiro, teu toque,

meu corpo impregnado de você, agora se demora no leito,

quero mais um minuto, mais um bocado de hora,

quero a certeza do amor não eterno,

imperfeito, incompleto, intenso,

a certeza de que foste embora,

mas que foste meu, por um tempo sem fim,

infinitamente meu,

dentro e fora de mim.

Monica San
Enviado por Monica San em 28/10/2007
Código do texto: T713061
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