Irracional
Chegou feito cão sem dono
me acenou com os olhos
Se enredou nos meus seios
e matou sua sede
Buscou meus odores
cheirou o meu sexo
e lambeu meus suores
Mordeu minhas coxas
lambuzou-se do mel
Saciou a sua fome
nos meus entremeios
Perdeu-se no meu céu.
Feito animal faminto
invadiu meu corpo
abusou da sorte
me fazendo desejar a morte
da sanidade
da lucidez
da moralidade
Me fez abusar da loucura
blasfemar contra a lisura
ser profana e doidivanas
e cair na tentação
desse amor animal
desse pecado carnal
Até domesticar sua alma
te prender e perder a calma
te fazer meu afinal
meu bicho de estimação
meu animal sem razão.