Monólogo
Oh coração sempre aberto
Que nunca percebes o mal,
E permite que chegue tão perto
Quem trás a morte brutal!
E responde:
Talvez porque o sorriso da assassina
Seja belo, puro, simples, natural...
Mas veja; talvez não seja nossa sina
Padecer de tamanho mal.
E pergunto: Nada temes?
E ele retruca: Nada sentes?
E continua:
Perdoe-me, mas é que na verdade
De nada nos vale temer o que nos parece mal,
Já que para a gravidade criaram asas,
Para epidemias, covas rasas...
Para a boêmia lindas rosas,
E para cada história, um ponto final.
Para o efêmero existe o tempo
Que deságua no rio dos lamentos
Para onde vão os que sofrem deste mal...
O medo!