Poema - O Restaurante no fim do universo

Poema - O Restaurante no fim do universo

Sempre acreditei que as estrelas

Eram pequenos mundos distantes

Esperando para serem explorados

E que em algum destes mundos

Existiam também Poetas, Filósofos,

Sonhadores e solitários

Que assim como eu sentiam-se acolhidos pelas estrelas

- Quantos Deuses não existem lá fora?

- Quantas religiões já não foram criadas em seus nomes?

- Em quantos infernos já não fomos condenado?

Tantas perguntas

Com tão poucas respostas

Muitas vidas já foram tiradas

Debaixo destas mesmas estrelas

Quantos suicidas já não se enforcaram diante de seu brilho fúnebre?

Quantas crianças não nasceram

No exato momento em que um padre

Estuprava uma freira?

Todos eles simultaneamente

Vivendo sob o mesmo céu, iluminados pelas mesmas estrelas

Vivendo regidos pelas leis do mesmo universo

Os meus Diabos

Que sempre acreditei serem somente meus

São criações de homens cruéis que no passado

Mataram e escravizaram a espécie humana

Esta espécie de primatas solitários

Orgulhosos das suas poucas conquistas

Em um vale de suicidas, loucos e estupradores

Ah (...)

Se existissem mesmo Deuses e Diabos

Para quais estrelas eles olhariam?

Salvariam o suicida?

Enquanto o seu corpo debatia-se em agonia

Abençoariam a criança em seu nascimento?

Enquanto ela rasga o ventre da sua própria mãe a assassinando no parto

Ou se masturbariam com o estupro das freiras?

Oh querido e patético Deus (...)

Quantas criaturas minúsculas como este Poeta que ousas desafiar-te

Não duvidou de ti, e da sua patética existência

Neste assombroso e vasto universo

Regidos pelo caos e pela indiferença

Ali, neste mesmo universo que nos cativa e nos assombra

vivem criaturas criaturas cruéis e bondosas que de nada sabem

Sobre a sua patética e insignificante existência

Sentado no meio fio

Com uma garrafa velha de Whisky ao lado de uma encruzilhada

Troco prozas com o Diabo

sobre coisas que ambos tampouco entenderíamos

Debaixo de estrelas que há muito tempo já se apagaram

Tal como me apagarei algum dia...

- Gerson De Rodrigues

Gerson De Rodrigues
Enviado por Gerson De Rodrigues em 08/02/2021
Código do texto: T7179562
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