Colorindo a dor.

A mão hesita,

Através dos olhos d’água procura a tinta

Olhar distante, perdido no passado

Remoto,

De encontros ausente,

Quase cheio, quase vazio, pouco mais que nada

Menos pouco de tudo o que faltou,

O passado regurgita em vômitos tardios

O ciclone revira as entranhas

Nada mais resta para inspirar o traço

Do nada que habita a alma

Que pede a tinta

Para colorir papéis virgens de dor

Angústia que verte suave,

A mão que acha a navalha,

A mão que corta a carne,

O sangue que jorra no pincel,

Finalmente a tinta perfeita para colorir o papel.

Jeanne Geyer
Enviado por Jeanne Geyer em 18/02/2021
Código do texto: T7187061
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