De leste a oeste

De leste a oeste os astros vão

Rota celeste que nasce na serra

E se encerra no infinito mar

O sol vermelho entre as montanhas

Surge entre nuvens brancas de sal

O oeste o espera velho amigo

A lua prateada já vai despontar

O destino é comum aos astros

Ambos se perdem no mar

Meu corpo repousa na areia

Há um momento entre dia e noite

Que os astros parecem se encontrar

Cerro os olhos vista entorpecida

Não sei se a lua nasce nas montanhas

Ou se o sol que já começa a desabrochar

Não tenho mais cama nem norte

Guardo poucas roupas na mochila

Meus prazeres vêm das minhas mãos

Esse corpo moreno de caiçara

Moreno de lua moreno de sol

Protejo o nome dela porque é de flor

Quase esqueci o nome por não mais usar

O cheiro dela se foi no vento

Essa brisa salgada que foge para o mar

O que brilha na serra, é lua ou sol

Sinceramente não sei mais decifrar

Lua e sol nascem no leste

O mesmo brilho que se apaga no oeste

Fecho os olhos novamente inebriado

Há um luau no canto da praia

Vozes distantes a se misturar

Com o som das ondas do mar

O corpo permanece na areia

O frio começa a me dominar

Deve ser madrugada então

Deve ser a lua a me bronzear

O rosto dela desaparece aos poucos

Na fumaça do que estou a fumar

Não guardo fotos nem presentes

Não tenho cartas para lágrimas derramar

Não tenho um futuro para planejar

Restaram cicatrizes e nada mais

A lua persegue o sol de leste a oeste

Corrida vã que se repete sem trégua

Feito as memórias que tento cultivar

Valerianas ervas de cura e morte

Sou feito de lua e persigo o sol

Cujo destino é morrer no mar

Luís Carlos Pileggi Costa
Enviado por Luís Carlos Pileggi Costa em 30/03/2021
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