AMOR: JOGO DOS PUROS

Já não sei por que razão

Fugiu o amor e paixão...

Tentei então te buscar

Tal um resgate em alto-mar

Risquei-te como a uma lousa

Que geme com o giz que lhe pousa

Se o querer melhorava teu semblante

Meu julgar retirava o interessante

E a surpresa então surgiu

Cuspindo balas de fuzil

Achei-te totalmente sem missão

Um sabonete sem mão

Vi-te um tanto abusada

Muita terra para pouca enxada

Pensei-te assaz incoerente

Show de um circo decadente

Enxerguei-te totalmente perdida

Cachorro lambendo a ferida

Decerto brotou-lhe tristeza

Como um doce caindo da mesa

Deixar a crítica de lado

Foi difícil um bocado

Voltei a verter sentimento

Revesti-me de ungüento

E o tempo de novo virou

E a biruta endoidou

Desconcretou-se o concreto

Bafejado um vento reto

Sumiu a dúvida

Dobrou-se a dívida

Reiterou-se a súplica

Desfez-se a métrica

Fugiu a tréplica

Voltou o cheiro de chuva!

Amar-te novamente me coube como luva

Amor e loucura...

Enche a vida d’uma fartura

Muda-se o demente

E fica a mesma gente

Troca-se a boca

Mas retorna a antiga moça

Cafajestes e inseguros

Amor é o jogo dos puros

Gê Muniz
Enviado por Gê Muniz em 05/11/2007
Reeditado em 21/11/2007
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