AMOR: JOGO DOS PUROS
Já não sei por que razão
Fugiu o amor e paixão...
Tentei então te buscar
Tal um resgate em alto-mar
Risquei-te como a uma lousa
Que geme com o giz que lhe pousa
Se o querer melhorava teu semblante
Meu julgar retirava o interessante
E a surpresa então surgiu
Cuspindo balas de fuzil
Achei-te totalmente sem missão
Um sabonete sem mão
Vi-te um tanto abusada
Muita terra para pouca enxada
Pensei-te assaz incoerente
Show de um circo decadente
Enxerguei-te totalmente perdida
Cachorro lambendo a ferida
Decerto brotou-lhe tristeza
Como um doce caindo da mesa
Deixar a crítica de lado
Foi difícil um bocado
Voltei a verter sentimento
Revesti-me de ungüento
E o tempo de novo virou
E a biruta endoidou
Desconcretou-se o concreto
Bafejado um vento reto
Sumiu a dúvida
Dobrou-se a dívida
Reiterou-se a súplica
Desfez-se a métrica
Fugiu a tréplica
Voltou o cheiro de chuva!
Amar-te novamente me coube como luva
Amor e loucura...
Enche a vida d’uma fartura
Muda-se o demente
E fica a mesma gente
Troca-se a boca
Mas retorna a antiga moça
Cafajestes e inseguros
Amor é o jogo dos puros