O gosto quente

O gosto quente

Que queima a boca da gente

humedecido

Pela vontade

Pela vaidade

Pelo gemido

Pelo gosto diferente

Que gosto quente

Que trembla as canelas cinzentas

Do muleque novo ainda

Que recém descobre o gosto de língua

Desejando as incertezas

De que daqui pra frente é só rasteiras

De amor e suas maneiras

Ele quer o gosto quente

Como eu quis até hoje

Me colocando em versos

Enfilheirando me em tempos curtos de felicidade

E me despencando em realidades

borradas em papel branco

Como o leite que a mosca bota a bunda

Ploriferando o virus que há de me matar.

Que gosto de saudade

É tão quente

Mas não me priva do gelo da manhã

Do café frio das terças feiras

E do resto da semana que morro lentamente

Tendo saudades demais

Do gostinho quente

Da boca que jamais imaginei escutar

O contrario de amor

E que hoje em dia lambe as linhas

Dos meus textos de gaveta

E outros corpos e almas

Outras bocas e outros poemas.

Robert Ramos
Enviado por Robert Ramos em 05/05/2021
Código do texto: T7249081
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