Amar-te

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"Eu queimo os livros da minha bolsa

mas os versos escritos no meu ventre

jamais serão esquecidos."

(Das escrituras zen budistas do Koan)

Por você eu abrasei o mar

desnudei-me ante a lua cheia

ofertei beijos de mel

curei as feridas com sal

por você conjuguei o verbo amar

teci, com poemas, uma teia

de cores de azul de céu

brincando fantasia e carnaval

por você acendi o sol mais quente

fui estrela brilhando na noite

aquarela múltipla nas flores

e um corpo entregue e aberto

por você me fiz mais dolente

abri os flancos ao açoite

sorri em meio à lagrimas de dores

e fiz brilhar esmeraldas no deserto

por você, eu ri, respirei

fiz batuque enlouquecido no coração

espargi perfumes de luz

rimei açúcar com veneno

e de alma livre e pura, me dei

suando os poros de tesão

mostrei o caminho que conduz

e a tua mão eu segurei

por você queimei a imagem

fiz um caminho inverso na poesia

deitei máscaras e me abri

ao sonho de na tua pele adormecer

fui longe, criei a viagem

fui porto e âncora do teu dia

no meu ventre engravidei e pari

teu amor a cada novo amanhecer.

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