AR(DORES)
Há um fogo a consumir-me as entranhas
uma insana ilusão, uma perversa verdade
sonho com suas mãos de veludo a tocar-me
realizo: és uma inverdade do meu juízo!
As chamas em línguas obscenas se tornam
sinto roçar-me, percorrer-me, descontrolo
Incêndio da alma, devastação sem fim!
Ardo no fogo do inferno! Inferno de mim!
Não há anjos, nem santos, nem deuses...
não há quem me redima dos ardores!
Estou prestes a cometer desatino.
Ou me entrego às chamas e me queimo
ou recobro o juízo e pago as dores
ou espero, ardendo, as facetas do destino.