Pequenas histórias 268

Estou na pele

Estou na pele das ruas molhadas

De suores para sentir-me

O que eu sou além de viver por viver

Estou no andar dos manetas a escorarem

Seus destinos nas marquises dos viadutos

Estruturas de aços humanos

Entregues a sorte de viverem o dia a dia maligno

Cada migalha de pão é um pedaço de carne

Que arrancam do meu corpo inválido de vida

Cada lágrima é pus de sangue ejaculado

Nos muros escuros famintos e cancerosos

Meu coração apodrece na ferida da cidade

Esparramando seu liquido venéreo

Em cada monumento desaparecido

Estou no teu sexo

Como meu sexo

Perfura tuas entranhas

De loba faminta

Devorando-me

Um pouco por dia

Crucifiquemos nossos pecados

Ao badalar dos sinos

Da Catedral da Sé