Noturna

Ungida no horizonte

Resguardada pela lua

Pela fresta da janela

Contida, às vezes singela,

Vejo a silhueta tua

Que pousa o corpo insonte

Irredutível, em dança,

O vento segue soprando

Do teu cabelo o perfume

Igual luz de vagalume

Ao riacho projetando

Faíscas de esperança

E me ponho a correr

Em direção ao encontro

Quero abraçar-te a alma

Banhar-me em calma

No pensamento adentro

Vendo o tempo morrer

Sei que trazes no peito

A canção da batida

Que me dá o caminho

E me põe em moinho

Da cabeça invertida

O sentido desfeito

Em volúpia sensível

Ao amor verdadeiro

Estarreço-me e vejo

Que embora o desejo

Tornou-me – terceiro -

Te é insucessível

Otavio Scalon
Enviado por Otavio Scalon em 24/03/2022
Código do texto: T7479954
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