Amor Indizível

Saquei de minha entranha
O embrião de um novo Ser.
Pra alcançar esta façanha
Tive que de novo nascer!

Mergulhei ao mais profundo
Do frio solitário de meu peito.
Viajei ao redor de meu mundo
Para atingir um nobre feito.

Quantas vozes eu bem ouvi,
Quantos livros tive que ler.
Quantas lágrimas eu assisti,
Quanto eu tive que crescer!

Num caminho já percorrido,
Há muitas primaveras atrás,
Deixado no tempo perdido,
De volta o destino me traz.

Ficou a marca bem gravada,
Na memória jovem aprendiz.
O nome, da primeira amada
Que o meu coração quis.

No percurso de acertos
E de momentos errantes,
Passei muitos apertos,
Vivi mil semblantes!

Numa vida de transformações,
De anos de muito vai e vem
Como poderia dois corações
Se reencontrarem do além?

O Amor criado na Alma nova
De dois jovens ainda puros
Mostra o seu poder e prova
Que vive mesmo sob apuros.

Apesar de tão diferente
Que nossa vida vivia,
A nossa força latente
Mostrou-nos a sintonia.

O reconhecimento total
Das nossas Almas de antes
Se abraçaram sem igual
Na paixão de dois amantes!

Na felicidade de nossas vidas
Por mais vividas que estavam
Eram ainda bem comprimidas.
Num amor morno vagavam...

Deus Pai em sua sabedoria,
Nos deu uma nobre missão:
Meio a grande correria
Uma importante e vasta lição.

Colocou-nos frente a frente,
Sem termos jeito de escapar
De nosso Amor forte latente,
Que preso queria se libertar!

E assim mesmo evitando
Sem querermos agir no mal,
Fomos nos aproximando
Num Amor fenomenal!

Nossa vidas ficaram loucas,
Tudo dentro de nós agitado!
Derramando por nossas bocas
O desejo que vivera sufocado!

A atração foi tão intensa,
O magnetismo tão forte,
Que nos unimos sem licença
Num Amor além da morte!

Conscientes que era loucura
Arriscamos à nossa sorte.
Confiamos na intenção pura
De um sinal firme e forte.

Deciframos o enigma do Amor,
Enfrentamos o preconceito,
Que a nossa moral quis impor.
Mas nosso Pai foi perfeito.

Deu-nos a mão em tudo.
Deus-nos chaves de ouro,
Deixou o mundo mudo
Pra formarmos nosso tesouro!

E com todo esmero e ternura,
Nos deleites por Ele permitido,
Enchemos da alva brancura,
De um Amor puro mais proibido!

Abrimos as nossas portas
Escancaramos nossas janelas,
Abrimos todas as comportas
Destrancamos todas as celas!

Nossos corpos foram despidos,
Nossas emoções conhecidas,
Os pudores foram esquecidos,
Nossas Almas foram aquecidas!

O respeito da pureza sobrepôs
Qualquer barreira convencional.
O grilhão mundano se decompôs
No Amor além do bem e do mal!

Nosso olhar penetrante
Nos uniu no fio invisível
Do eterno doravante
Da Paz que é indizível!

União harmoniosa e plena
De tanto carinho e prazer.
A serenidade acena
Além de nosso querer!

Encheu-nos de alento,
Na doçura de nosso beijar,
Dando às nossas Almas o sustento,
Pra eternamente nos Amar!

Sem precisar de juramento,
Ou de algum pacto formal!
Acertamos nosso casamento
À beira de um antigo degrau!

Um antigo e lindo portal,
Será nosso futuro altar!
Nossa entrada será triunfal!
O Pai vai nos abençoar!

Libertamos o interior aprisionado!
Enfim respiramos a liberdade!
Sabemos como amar e ser amado,
Conviver na distância em verdade!

Leves pra nossas vidas,
Sem humana promessa.
De cabeças erguidas,
Esperamos sem pressa!

Num quente e apertado abraço!
Unidos num eterno e doce suspiro!
Juntos pelo abençoado laço
Teu Ser pra sempre eu respiro!

Agradeço sua paciência!