Enquanto esta imagem não se apaga
Fecho os meus olhos
E você aparece sorrindo
Um sorriso alegre e enigmático
Quero saber o que ele guarda
Talvez medo, falta de desejo
Algum outro segredo
Talvez nada...
Mas enquanto sua imagem não se apaga
Penso nos instantes
Recordo teu semblante
Devoro teu riso
É só o que me resta fazer
Enquanto esta imagem não se apaga
A tua imprevisível forma de olhar
Me incendeia a calma
Eu mastigo tua alma feito um pão
E só o que me resta
Enquanto esta imagem se apaga
Quando olho nos meus olhos
Vejo o mundo se esvaindo
Derretendo feito queijo neste fogo
Que me queima desde a noite de ontem
Tua imagem insistindo
Aquecendo silenciosamente meu corpo
Eu sei que o riso e o fogo inevitavelmente se apagam
Hoje à tarde talvez mais um dia
Enquanto isso você me sacia com a fome
Que a tua boca me regala neste outubro
É só o que me resta
Devorar o ontem
Sem deixar migalhas pro futuro
Sem poder tirar os teus segredos do escuro
(08 de Outubro de 2006)