A dor que alimenta

Se tiveres que me deixar

Que então me deixe.

Se tiveres que me odiar

Não se reprima, odeie.

Se for me maltratar

Sem pena, sem dó.

Quero que faça com raiva,

Que das minhas lembranças em sua mente

Delas restem apenas pó.

Na tua muralha de desprezo,

Me fortaleço

Sem medo, sem receio.

Essas lagrimas de dor

Que do seu rosto oscilam

E a tua alma lavam,

É pouco, comparado

Ao meu pranto derramado.

De um pobre coração

Que ainda respira

Mesmo ensangüentado

A dor da perda

É o engolir de espinhos.

Rasga-se tudo por onde passa

E a cada mover de pensamento, trava

Sangra e maltrata.

Então se for pedir

Para que um dia te esqueça.

Não faça, nem pense.

Por mais que eu tente

Essa dor será sempre presente.

Como uma ferida aberta

Que nunca sara,

Traz a lembrança de um passado,

Que mesmo sonhando acordado

Alimenta esse amor que nunca acaba.