Procura-se a si mesmo.

Procura-se a si mesmo.

Quando a gente procura a si mesmo

não sabe ao certo o que vai encontrar.

Dormindo tem medo de fechar os olhos

a noite parece querer prestar contas do

que foi feito durante uma vida inteira.

Tem lembranças que escondemos tão bem

que se fosse possível nem nós mesmos descobriríamos.

Mas tem um momento em que estamos sozinhos

diante de nós mesmos, sem alegorias,

sem máscaras e disfarses.

Ligo o rádio e a música apaga a luz

o vento entra pela janela

a lua cheia se mostra tão bela.

O medo sai debaixo do tapete

a lembrança se esconde debaixo da cama.

Hoje acordei me sentindo tão pequena

insignificante como a poeira no canto da sala

com medo de mostrar a minha própria cara

e alguém dizer: muito prazer! Quem é você?

Uma formiga olhando daqui de cima é pequena

olhando de um edíficio um homem é uma formiga

tudo depende do ponto de vista. Como você se vê?

Ainda bem que lá de cima não posso olhar pra mim.

Quando eu era menina brincava de boneca

fazia casinha, tudo pequenino pra ela

era tão divertido. Porquê a gente cresce?

E o mundo parece que não cabe em nossas costas

eu tenho que provar todo dia que sou boa em tudo

não tem o colo da mamãe ou o abraço do papai.

E o tempo passou, e da vontade de retornar ao ovo

deixar pra quebrar a casca só no ano novo

ou então quando alguém bater na porta

e dizer; “está tudo novo”.

Ficaram todos loucos ou recuperamos nossa sanidade?

Talvez eu só precise de alguém para amarrar meus sapatos,

ou para dizer: você é muito importante para mim.

Ganhei aplausos na segunda-feira pelo meu trabalho.

Fiquei surpresa! Ou foi só auto-defesa, toda descoberta

tem seu preço, podemos seguir em frente ou esperar o acaso.

Dia primeiro de Dezembro é o dia internacional da Aids,

em muitos casos ter HIV é segredo de alcova pelo preconceito.

Existem tantos, cor, raça, sexo, religião, gosto músical, peso,

altura, roupa, nú, pelo, pelado, tudo que é contrário. E qual

o remédio? Só o amor, e qual o coquetel que dá jeito nisso?

Aí eu penso! Existem problemas maiores que os meus,

coloco um sorriso nos lábios e agradeço a Deus,

digo bem baixinho no meu ouvido; eu sou feliz.

Lembro de um amigo que diz; “Adoro caipirinha, é a única

coisa que separa a minha cabeça do meu corpo”.

Eu prefiro comer barra de chocolate, “Deixa minha cabeça no

lugar” o único perigo é engordar, mas não me leva a paraísos

artificiais, caminho até shangri-lá, faço a dieta do Tibet,

se for preciso, vou até a pé, ou meditando, falar com Dalai Lama.

Faço um observatório de mim mesmo e deixo de lado

o coquetel molotov e coloco bombril na antena da televisão.

A imagem parece mais clara, estou de TPM, vou pintar

o cabelo de uma cor parecida com uma garrafa de “Crush”

comprar um vestido novo e dizer que não estou em prisão

perpétua, e nem sou uma balzaquiana carente e emotiva.

“Tá na hora de parar e arrumar tudo!” Parece que não sou eu.

Estou ficando apaixonada por essa estranha!

Ricardo di Paula.