Ama-me assim
Ama-me assim, como o rio
Que transborda em desvario
Sem ter nada que o obstrua.
Mas que tranqüilo e refeito
Estende as águas no leito
Pra ser a cama da lua.
Ama-me assim, como o vento
Que vem gemer ao relento
Pela noite onde desliza,
E que depois da tormenta
Beija as flores que acalenta
Com os cânticos da brisa.
Ama-me assim, sem temor,
Porque assim é o amor
Que aproxima as criaturas:
Tem dois tempos, tem dois planos:
O divino e o humano,
A volúpia e a ternura.