Puro Sangue Inglês

Indomável, arredia, vigorosa e destemida a dona...

Mal notou que ele, apesar de simples, detinha a doma.

Crente que suas longas estórias lhe seriam custosas,

Até que o gaiato, com todo respeito, lhe ofereceu honra...

Reparou em seus cascos sangrando, ferraduras gastas,

Entendeu que ela era, na verdade, um "cavalo" de raça...

Que ao longe desperta medo, reverência e veneração,

De perto, embora chucra e indócil, só precisa de coração...

Ele, "menino" da terra, dos cantos, silêncio e quietude,

Nesse novo encontro achara sua completude...

Da incompreensão que lhe furtava a identidade, agora

À sombra de um novo destino achara também felicidade.

Relincha, observa, se afasta, até que então se aproxima...

Imponente, se prontifica, mas dele espera a saída.

Ao contrário, ao vê-la indefesa e frágil, vulnerável,

Sem cordas ou violência, lhe doma, de forma admirável...

Agora, toda resistência se transmuda em amor e respeito,

Para o menino homem que desde o começo sabia o jeito...

Oferta de paciência, zelo, afeto e compaixão,

Tudo que ele carregava em si, ofertara em suas mãos...

Ela, em sinal de gratidão ao nobre cavaleiro de olhos verdes,

Em sua direção se deita, permite o toque e se afaga nele...

Sentindo seu coração, calor e doce enlace sublime,

Nota que sua chegada lhe trouxe a absolvição de um crime...

Sim, dos que o condenaram por ser acanhado, tão seu, sozinho,

Não mais carrega esse fardo, o robusto e destemido "menino"...

Dali em diante duas histórias desemparelhadas se unem, se cruzam,

Ele renasce das cinzas de um refúgio...e ela se desabrocha pro mundo...

Dandara Santos
Enviado por Dandara Santos em 25/04/2023
Reeditado em 25/04/2023
Código do texto: T7772208
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