Paixão

Um dia acordei e tinha uma paixão.

Uma paixão superior a qualquer desejo carnal.

Uma paixão que gruda na pele, que grava e se prende ao coração sem pedir licença, adentra na vida sem permissão e é bem vinda, por ainda não sabemos do que se trata.

Uma paixão que explora os horizontes desconhecidos. Que busca conquistas, procura desafios, avança o sinal do certo e do errado.

Mas minha paixão não é uma paixão qualquer, é a MINHA paixão.

Minha paixão não tem hora nem lugar; não tem tempo nem espaço; não tem razão e nem faz questão de ter.

É uma paixão devastadora, que acorda na madrugada pedindo um beijo, um carinho, um abraço, e exige ser atendida.

É uma paixão que passa noites em claro só observando o ser amado dormir, e gosta disso, e gosta de gostar disso.

É uma paixão que quer estar perto o tempo todo, para poder cuidar, proteger, suprir todas as necessidades que o amado possa ter.

É uma paixão tropical, com perfume cítrico de marca da moda. Perfume misturado com o poder de suas essências naturais, enlouquecendo a mim só de sentir este imenso prazer.

Uma paixão que tem pele banhada de sol, brilhante como os grandes mares que desbrava.

Uma paixão com um toque especial, que arrepia a nuca e causa um frio na espinha, na barriga, só no olhar. Um olhar desvanecedor, um olhar vibrante, um olhar amante, um olhar.

Minha paixão é especial, é única, é minha! Só minha! Deveria ser só minha, mas não mais o é.

É de alguém, é de ninguém, de sei lá quem, só sei que é.

Fugiu de mim, fugiu de meus braços, de meus beijos e abraços.

Fugiu com seu calor, com o calor que me esquentava, com o calor que guiava, fugiu. Sem dar explicação, sem deixar uma conclusão, fugiu.

Me deixou cá, fria como o vento de meia noite, nas areias da praia que só sonhamos em pisar.

Me deixou dormir e se foi.

Me deixou dormir para nunca mais acordar.