Um pedaço seu ao meu lado

Me embriaguei de amor numa noite

Vaguei pelas ruas, sem ver ninguém

Para quem pudesse depositar este

Excesso de bonito sentimento

Parei numa rua, um vale entre

Duas calçadas, guardiãs de

Corações adormecidos

Dentro de densas paredes

De silêncio

Caí, sem aguentar o peso

Disso dentro de mim

Olhei para a lua cheia

A via cheia de luz, a olho nu

Me via nu de inibição

Optei por brincar

Jurei meu excesso para ela

Estava livre para vir e pegar

Juro que a vi entrar em

Mitose, largando um pingo

De sua beleza sobre a negra

E celestial cortina

Pingo homogêneo, desceu até mim

Assumiu a forma de uma mulher

Condizente cópia corpuscular

Deitou-se ao meu lado, tão macia

Perfumada, deslumbrante e chiquérrima

Olhou dentro de mim, para saber

Do que sou feito e o que carrego

Aquele pedacinho puxou minha mão

Tão macio quanto sorvete de creme

Puxou-me para cima

Mais do que apenas levantar

Levitou, ascendeu, emergiu

Concreto duro não fez falta

Quando naveguei pelo ar

Partir da escura esfera

Adentrar reluzente círculo

Berço espacial

Sem travesseiro, nem cobertor

Rodei até ficar nauseado

Expeli meu sentimento guardado

Com tanta retenção

Para servir de alimento

Para aquele satélite

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 23/06/2023
Código do texto: T7820725
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