À DERIVA
Numa tormenta sem fim
sou barco sem vela
navio sem bússola
submarino de mim
Mergulho às cegas
busco recifes, atóis
quero um porto seguro
quero manter-me no prumo
Respiro sóis
nado em caracóis
me perco, me encontro
me desencontro
me enrosco em algas
afundo em amálgamas
estou à deriva
Entre bolhas de ar
no líquido pulmonar
um grito mudo ecoa
transcende e trespassa
vence a imensidão azul
do teu imponente mar
Alcança teu tino
aguça teu instinto
muda teu destino
e te trás até mim
Naufraguei no teu amor
salvaste-me enfim.