Corruíla.
Corruíla, ora pássaro, Ora vento,
Que me investe som inchado,
Ave oca, ser ave seu legado,
Planar pelo ar volátil e denso,
Flutua, imita o papel,
Evola, risca o azulado céu,
Tens camuflado, entrelinhas do ar,
Ora sobe, Ora desce, Ora terra, Ora mar,
De pensamentos não pensados,
De Céus e luas vazias,
Olhar enleia as alturas do pecado,
Diz-me como voar, ora magias,
Chão é rijo, e o ar leve,
Onde pisa pés feridos,
Prefiro flutuar, em breve,
Sermos do alto então temidos,
Ver do alto, o vil da terra vencida,
Sentir o zéfiro a me tolher,
Ora descer, Ora subida,
Ou lá então permanecer,
Diga-me pássaro alado,
És, Corruíla ou rouxinol,
Investiu-me então um cantado,
Arcano do ar, arcano do sol,
Bela vista teu olhar fita,
Tênue parece teu canto,
A onda suave o mar crepita,
Louvando de cima, quanto encanto,
Subiu o sol, rodeando a face,
Ora, esse legado da terra,
Se acaso cair, outra nasce,
És ave, pois homem não seria bela.