PSEUDO-DEVANEIO
  

         I
Sempre caminhando
 
certos ou errados,
estamos a viver...
Estrelas a cintilar num céu sem luar 
o sol a brilhar, num dia sem luz,
estamos a caminhar...
Mas, partidas e voltas,
adeuses e chegadas,
partidas sem voltas
e nós a viver...
A lua que se esconde na noite de chuva
 
a chuva que oculta o sol a brilhar,
e nós a esperar...
Sorrisos que calam, lágrimas que caem,
sorrisos que choram, lágrimas que cantam,
e nós a viver...
Saudade que vai, saudade que vem,
ilusões que vivem, sonhos que morrem
e nós a vagar...
Amor que recebe,
amor que se dá...
Na vida o bem sempre a vencer
e nós a esperar...
... a esperar
e sempre a esperar...

            II

Momento a momento,
o tempo passa,
oculto em silêncio,
a vida arrebata...
... e somente uma flor,
sinal de amor,
altiva, mas triste
ficou na lembrança,
cruel e atroz,
dos dias sem luz,
à luz do dia,
quando alguém foi,
quis voltar,
não voltou,
por lá ficou e...
não voltará mais,
nunca mais,
findou...

                    Ipuã, 03/05/1966