Entre Frestas

Eu me lembro do teu corpo caliente,

Quando o inverno, castigante, mostra a lua

Entre as frestas das folhagens destas árvores,

Onde a vi apaixonada, seminua.

Eu me lembro dos sussuros que tu davas

E gemidos que soltavas, por prazer,

Quando os beijos eram ávidos e puros,

Sem olhar para os defeitos do meu ser.

Eu me lembro das minúcias que vivemos

E dos frascos de perfume que tu tinhas

Ao dizer que me queria, que me amava

E que as garras da paixão eram só minhas.

Eu me lembro... Oh, como lembro!... De tais juras!...

Dos momentos que juntinhos nós passamos

Vendo a lua - a testemunha mais formosa,

Porque nunca nos julgou, quando beijamos!

E eu me lembro da doçura dos teus lábios,

Da candura do teu verbo apaixonado,

Dos teus sonhos mais insanos, infantis...

Que era estar comigo sempre, lado a lado.

Eu me lembro do teu corpo e pele fresca,

Tua mão tão delicada feito pena,

Tuas curvas, teu aroma, tua flor...

A delícia que me davas era plena!

Mas cortaram a frondosa árvore verde

E, hoje vejo aqui seu tronco e a clara lua,

O seu pranto que me conta em todo o inverno

Que não és mais minha dama de alma nua!

Cairo Pereira
Enviado por Cairo Pereira em 07/10/2023
Código do texto: T7903538
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