ORBITAL

 

Disseste-me

Que minha alma tem luz própria,

Uma luz tão forte e poderosa,

Que irradia pelos olhos

E ilumina tua vida

– dizes que sou uma estrela...

 

Mas a verdade é que apenas

Estás a olhar meus olhos

E neles podes ver refletida

A luz intensa e cintilante

De tua própria alma divina!

 

Qual estrela, tua alma brilha

E aquece teu coração,

Por isso ao teu redor giro

Orbitando teu corpo

E me aquecendo em teu peito

– preciso muito da tua luz

e do teu calor para viver!

 

Não sinto essa luz própria

Que dizes em mim ver

– preciso que me ilumines!

 

Meu pequeno mundo precisa

Da tua luz e calor para ter vida,

Para que em mim floresça a vida!

 

Constelações inteiras,

Inúmeros corpos estelares

Giram ao meu redor,

Orbitando a estrela rutilante e bela

Que sou aos seus olhos,

Fascinados com meu brilho irresistível,

Crendo que sou o centro da galáxia,

Mas a verdade é que sou apenas

Um pequeno mundo frágil a te orbitar;

Um mundo formado de pó de estrelas,

Que não chega perto de ser uma;

Um mundo com uma sombra cintilante no olhar,

Que usa uma nebulosa como corpete,

Constelações como pulseiras, anéis e gargantilha,

E como diadema um crescente lunar;

Um mundo que tão intensamente brilha

Apenas porque reflete a tua luz,

A luz da tua alma e do teu olhar!

 

Da galáxia és o centro

E apenas orbito em ti,

Dançando com graciosos giros

Ao redor da tua luz

– desiludidas sabem,

as constelações e estrelas solitárias,

que apenas podem me orbitar

a anos-luz de distância

de meus leves e ledos passos!

 

Ainda assim crês

Que somos estrelas binárias,

Orbitando uma à outra

Em uma dança alegre e graciosa

No balé cósmico em nossa galáxia,

Mas a verdade é que conduzes

Meu mundo nessa dança tão bela,

Embalados pela Música das Esferas!

 

És o bailarino principal

A me conduzir divinamente

– os demais corpos estelares,

não passam de Corpo de Baile!

 

30/01/2024

 

 

Nota sobre a foto: “Romeo and Juliet", óleo sobre tela pintada à mão com espátula pelo talentosíssimo pintor contemporâneo bielorrusso Leonid Afremov (1955 – 2019).

Julia Lopez
Enviado por Julia Lopez em 01/02/2024
Reeditado em 09/02/2024
Código do texto: T7989901
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