LIBERTANDO

Deixei crescer

centelha de amor

cálida, intensa,

cândida flor.

Como um madrigal

minha inspiração,

em meandros sem fim,

encontrou a ilusão.

Horizonte sem sol

numa tarde sombria

fez que calasse

a mais terna utopia.

Como aprendiz

deixei o tempo passar

pra me fazer ver,

pra me ensinar.

Na ânsia de algo

que não fará parte

da minha vida;

só da minha arte.

Vivi a dor que não tem cura,

aquela que não nos leva a hospitais

porque não há mesmo remédio

que não nos deixe existir mais.

Vivi a essência mais pura

como o mais claro dos cristais.

Na beleza e na doçura

dos amores irreais.

Maestro dos meus sentimentos,

ensina-me a ser forte.

Faz-me ver que a tristeza

não precisa da morte.

Lance seu amor no éter,

na substância universal,

pra que ele se una ao meu

e se torne fraternal

Transmutando, dividindo

o que até então é condensado.

Que desse amor eu me liberte,

que ele seja emanado

a seres que não o tem

pois há pessoas tão frias

que não sabem nem sonhar

em suas nostalgias.

Desejo findar o desejo

que sinto por você então.

Medito como água no fogo

sentindo a vibração

chamejante a falar

de um amor que não quer partir

pois no fundo do meu coração

você está a sorrir.

Como vou me libertar

de uma imagem tão doce,

meu irmãozinho querido,

como se minh'alma fosse?

Mas, enfim, te liberto

em minha presença Eu Sou.

Mesmo com você tão perto, dentro mesmo de mim,

me libertando eu vou...