SENTINELA EM NÚPCIAS
Talvez eu não resista,
Mas aos teus feitiços,
Que a muito me atiça,
Revelando-me o que tenho guardado por dentro.
São os teus pormenores,
Que indelével me traz o viver,
Enquanto penso que me escondi,
Acabo por entender que agora,
O meu devaneio é totalmente você.
Teu nome é inevitavelmente doce,
Incomparável em diversos sabores,
E o cheiro inconfundível pela manhã,
Quando deparo-me com o teu ser.
Seria-te um mero sentinela,
Salvaguardando-te seja como for.
Tendo-te como minha fantasia,
Vendo-te como paisagem pela janela.
E eu, na inércia, Ó dama dos símbolos meus!
Um forasteiro a desejar aquilo que é invisível,
Entre ilusões e desilusões sem tamanho,
Vou sem piedade, a ti, me consumindo.
No momento em que chorares, produzirás pérolas que,
Porás nas conchas do mar Egeu, onde o pai de Teseu,
Morrera em suas águas, pelo filho que se perdeu.
E transmutarás em uma sereia avista aos meus olhos,
Em pleno luar, dando-me a si mesma, e nadarás…
Por entre as pedras, e levar-me-ás para suas profundezas,
No repouso de sua casa, onde deitar-me-ás em teu dourado leito.
E com teus seios, amarar-me-ás, fazendo-me sentir parte,
Dos teus imensuráveis segredos. Devorar-me-ás como uma amante,
Nas noites inspiradas de núpcias, por teu canto, que me envolverá,
E tua pele me tocará, quando tuas pernas deixarás a mostra,
Sem possuíres quaisquer cauda, mas sim, permitindo-me a ósculalas.
Assim, serás o oráculo aquático, que estarei cortejando,
A fim de que isso seja para toda a eternidade.
Molharás meu corpo, e o esculpirás com sua volúpia,
Até que minha alma se liberte em total quietude,
Não sendo mais algo transeunte, porém, intento.
Poema n.3.050/ n.21 de 2024.