UM VERSO CAIDO...
Encontrei um verso caído
Estendido no chão
E, as pessoas passavam
Iam vinham olhavam
Sem lhe dar nenhuma atenção
Nuvens cinza surgiram
E a chuva chegou leve
No primeiro instante
Depois forte intensa
Abundante
E arrastou os versos
Que seguia sinuoso
Junto à água
Misturada com o que
Na rua encontrava
Enquanto nas calçadas
Sob as marquises
As pessoas assistiam
E ficavam inertes, não diziam
Nada faziam, não sorriam...
A água ia levando os versos
Que agora se aproximava de um bueiro
Corri ate ele e o segurei
Não por inteiro
Consegui resgatar um pedaço do verso
Molhado, rasgado, apagado
O resto se dissolveu na chuva
Que continuava a cair intensa
Entre cores difusas
... E fiquei me perguntando
Se eu cabia naquele verso
Antes de olhar, de ler de ver
Por fim então coloquei
Os versos na minha frente
E vi que alguém tinha escrito lá
Em algum momento particularmente seu
Diferente
Comecei a ler
Enquanto a chuva molhava o meu rosto
E escorria sobre o meu corpo
O frio fazia tremer...
E tava escrita:
“se quiser ir às estrelas me dê à mão”
Era o que sobrou do papel rasgado
Deixado, largado,
No chão
Aonde a chuva ia levando junto com
O que encontrava
Achei belo! Demais
Sei que alguém já escreveu
E já cantou essa frase
Com certeza
Mas tem algo que concentre
Tanta beleza, singularidade
Numa ingênua sutileza?
“se quiser ir às estrelas me dê à mão”
Então digo a você...
Se quiser ir às estrelas me dê à mão...
Rsrsrssrsrsrrrsrrsrsrsrssrsrrsrsrrs!