UM VERSO CAIDO...

Encontrei um verso caído

Estendido no chão

E, as pessoas passavam

Iam vinham olhavam

Sem lhe dar nenhuma atenção

Nuvens cinza surgiram

E a chuva chegou leve

No primeiro instante

Depois forte intensa

Abundante

E arrastou os versos

Que seguia sinuoso

Junto à água

Misturada com o que

Na rua encontrava

Enquanto nas calçadas

Sob as marquises

As pessoas assistiam

E ficavam inertes, não diziam

Nada faziam, não sorriam...

A água ia levando os versos

Que agora se aproximava de um bueiro

Corri ate ele e o segurei

Não por inteiro

Consegui resgatar um pedaço do verso

Molhado, rasgado, apagado

O resto se dissolveu na chuva

Que continuava a cair intensa

Entre cores difusas

... E fiquei me perguntando

Se eu cabia naquele verso

Antes de olhar, de ler de ver

Por fim então coloquei

Os versos na minha frente

E vi que alguém tinha escrito lá

Em algum momento particularmente seu

Diferente

Comecei a ler

Enquanto a chuva molhava o meu rosto

E escorria sobre o meu corpo

O frio fazia tremer...

E tava escrita:

“se quiser ir às estrelas me dê à mão”

Era o que sobrou do papel rasgado

Deixado, largado,

No chão

Aonde a chuva ia levando junto com

O que encontrava

Achei belo! Demais

Sei que alguém já escreveu

E já cantou essa frase

Com certeza

Mas tem algo que concentre

Tanta beleza, singularidade

Numa ingênua sutileza?

“se quiser ir às estrelas me dê à mão”

Então digo a você...

Se quiser ir às estrelas me dê à mão...

Rsrsrssrsrsrrrsrrsrsrsrssrsrrsrsrrs!

JORGE BRITTO
Enviado por JORGE BRITTO em 10/02/2008
Código do texto: T853452
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