A imagem estúpida do medo

Me olha,

e esquece o que está além de nós dois;

deixa todos os seus problemas para depois,

e dedica a si mesmo um agradável degredo.

Não tema,

o mundo não pára de girar por conta da gente;

por isso, se mostra, me encara de frente

e arranca a máscara cinzenta do medo.

Me embala,

e no longo dos meus cabelos deslize a sua mão.

Não se apresse, nem se exiba, coração;

deixa tudo ir acontecendo feito segredo.

Se aproxima,

e me enlaça como se nunca mais me fosse largar,

e, devagar, me conduz para onde possa rasgar

as vestes esfarrapadas do medo.

Me beija;

não hesite em sua vontade nem mais um segundo.

Meu corpo está à espera, sua alma é um poço aberto e profundo,

que decerto, não se fechará assim tão cedo...!

E, finalmente, me ama,

como se esta fosse a primeira e última vez,

e como se fosse mais fácil suportar a ousadia em sua nudez

do que assumir a imagem estúpida do medo.

Thaís Soledade
Enviado por Thaís Soledade em 22/02/2008
Código do texto: T870489
Classificação de conteúdo: seguro