O Netuno e a Sereia - O Sonho

No meu sono, ele dorme. Quando estou só e triste, ele vem me buscar, e me leva para sua caravela azul. No corpo de mulher, surge uma calda mágica de sereia, e a água do mar, é morna e acolhedora como seus braços.

Tem olhos abissais e violetas, profundamente doces.

Os cabelos deslizam como algas e plânctons, que conhecem a textura das águas, e sentem a espessura das ondas.

Há um sonar na superfície, que pulsa desgovernado, no rítimo dos navios, que captam o magnetismo da sua presença.

Lá embaixo, há uma velha e úmida porta, que dá passagem para dentro da caravela. Tudo é diafanamente azul. É o mágico delírio das profundezas, apagando os sentidos, enebreando a alma.

Uma estranha canção, entorpece os ouvidos e olhos de água, nos transbordam.

Lábios selam-me a boca, como uma concha misteriosa de segredos...

O amor, como o mar, é imenso e brilha azul como se todos os oceanos da terra contessem a fúria do mar, num só suspiro.

Enquanto um vento forte me transporta, sobre as brumas do mar num grande movimento, ondas trazem-me à praia... sonolenta e confusa, desperto...

Maria do Carmo Celestino
Enviado por Maria do Carmo Celestino em 22/02/2008
Reeditado em 22/02/2008
Código do texto: T870832