Canção de amor
Meu coração chama por ti
Numa canção silenciosa
tocada num violão – minha memória.
Sinto docemente a melodia
Da prece da minha pele por a tua.
Suavemente entranham-se tuas letras em mim
Aquelas que não cantas, não falas, não escreves
Mas que estão ali.
Ouço a impaciência da minha espera
A maledicência da minha ânsia.
Eu sou prá ti
E o tempo escorre por entre meus dedos.
Canto uma canção iletrada
Sou o símbolo
Tenho saudades, ausência de ti.
Podes fazer-me arder.
Em brasa minha alma
Em casa minha calma
Na cama minha espera.
Quero entregar-te em meus lábios
A beleza do anoitecer em que se encontram estrelas
E ser anuviada pela sombra dos teus olhos
Dispostos no meu colo.
A canção que não canto
Escorrida em meu pranto sem rima
Nos meus recantos expostos
No meu cheiro de flor do campo orvalhada.
Sou mistério desvendado
Beija-flor delicado e solitário
Jardim de paixão cerúlea
Uma espécie de vagalume
Que vaga, que divaga, que acende e apaga
Cumprindo a sina de ser e não ser
De ter e não ter
Luz
Canta prá mim a canção do silêncio
Que me faz dormir.