A mulher que eu amo

Não.

Não é aquela menina de olhos d´agua e da pele sedosa

como a pele do pêssego, que eu amo.

Aquela é a menina que eu amei um dia.

A menina que eu amo agora é uma mulher madura,

que tráz no rosto e nas mãos as marcas da realidade dura.

A menina que eu amo agora virou mãe,

ela tráz nos olhos uma sabedoria ancestral,

que muito bem sabe combinar o doce e o sal

e sabe quando o mal é bom e o bem é mal.

A menina que eu amo agora é uma mulher.

Ela sabe o que é ser amigos e ser amantes,

e que o que somos hoje é uma consequência do que fomos antes.

Ela sabe também que tudo na forma é temporal,

o sexo, a cultura, a beleza carnal.

Ela aprendeu que tudo marcha e que isso é uma lei universal

cada um no seu rítmo, a pedra, a árvore,

o homem bom, o homem mau,

e as estrelas e, cada coisa que já foi antes tantas coisas

e que para sempre viverá.

A mulher que eu amo agora é mãe de outras meninas

E eu peço a Deus que tenham a mesma sina

Ela guarda nos seus olhos claros e no seu sorriso generoso,

um jeito eterno de menina.