O Amor e o Ouro

Asas plenas, rumemos ao encontro

E participação, celebrando o momento

Eleva-se ao azul o lírico pensamento

Segreda aos astros as razões de amar

E gera o sentimento, em cujo ímo santo

É a esfera um hino de suave acalanto

O vivedor navega em intermezzo de paz

No templo do amor, quando a liberdade apraz.

O amor redime desde o melhor ao mais vil

Cantam, infundem loas as celestes harmonias

Encharmescidas ondas de alvas erradias

Esculpem a aurora no reflexo do luar

Une pares e povo, compõe banquetes, festas

Afasta para o caos as hordas funestas

Das lamentações, em seu manto tece

Perpétua luz que em júbilos amanhece.

Escravos das paixões, querem os homens reinar;

O que soa-lhes o ouro com voz melosa e macia?

- “Abro-te o arcano dos mundos, a arca erradia

Dos prazeres contundentes de ter!” Ele evoca

A felicidade da posse, augusta calmaria

Por onde a segurança confortos alicia

Ele vence as consciências em dourado matiz

A necessidade gera e ao mendigo maldiz.

Na densa treva anseiam os seres a luz

O amor promove à claridade mundos

Êxtases primaveris, prazeres tão jucundos

Afasta para longe de ti o severo juiz

Que profana o templo sacro das segundos

Com seus escarros insanos, absurdos

Voa no amor e no ouro, consorciados

Tornando os instantes líricos e sagrados.