Catedral de Havana

Então menino, vislumbrei tuas buscas e sedes.

Vi a imagem de um menino parado ali diante da vazia, silenciosa Catedral da Havana revolucionária;

olhava céu e mares, mirava ávido por revelações para construção de uma cosmogonia;

perscrutava céu e estrelas em busca de uma premissa para o sentido da vida;

perseguia as pegadas do Cosmos em caminho imponderável.

E o menino que implorava ouvir, não ouviu, apurou o olhar e não enxergou.

Até que, vazio em suas lágrimas,

o menino, invadido pelo brilho das estrelas,

aspirou o perfume das flores.

Enxugou o rosto, ajuntou valentia,

enfrentou a angústia em queda no poço da solidão universal;

sorveu a essência do mais anestesiado esquecimento.

É missão impossível responder às perguntas caladas há décadas no peito desse homem-menino ou menino-homem,

que jamais arredou o pé daquele momento diante da Eternidade desocupada e alheia a suas expectativas.

Não, não quero deixá-lo sozinho,

mesmo que para isso eu tenha uma discussão com Deus.

Desafio grande e coragem pequena,

quem sabe o próprio Criador não me estenda a mão?

Afinal, essa menina aqui, que um dia olhou as árvores e as estrelas e interrogou o Universo,

essa mulher que traz ao seio a menina ainda habitante de si,

encontrou quem lhe respondesse alguma coisa digna da permanência n'alma.

Adelante, pues, hermano.