Resquícios
Amas a vida, tu a veneras,
Sorves aos tragos o abstrato.
Tu tens melindres, tu tens recato
E tens resquícios d’uma outra era.
D’onde trouxeste esse olhar sereno,
O andar cadente e despreocupado,
Aura de anjo tão acanhado,
Cabelo esparso e o perfume ameno?
E d’onde a lábia que só me assanha,
Põe-me do avesso, no destempero,
Pincela versos com tanto esmero,
Que me extasiam de forma estranha?