Consumir vozes tem a ver comigo

Me olhas e sugeres

que fique de braços cruzados

trançando palavras

em apaixonada defesa,

confiando em que minha posição

de rainha destronada

não esteja próxima ao pateticismo?

Quem é o "dómino" e quem, o escravo?

Se danço em meu potencial de fêmea

alheia à saída do movimento

e minhas queixas se esgotam

em tua dança-identidade.

"Que não sou religiosa" dizes

E o que é esta demonstração exacerbada,

evangélica e eclesiástica

de repressão;

inédita resistência

de inclusivar-te, emergir-te

e reivindicar-te como senhor... grande?

Não posso mudar minha expansão

e a tua desponta

como a safra amarelo-dourado-vermelha

dos grãos.

Muda, despe minha surpresa

e ainda que contenha em mim

à vítima,

Sugeres que fique de braços cruzados?

Que qualidade ensaística?

Que visão esquemática sugeres

senão imolar-me em sacrifício,

religiosa e pagã,

Miriam e Bacante

até que possuas

o conhecimento de ti mesmo?

Manilkara
Enviado por Manilkara em 08/05/2008
Código do texto: T980707
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