Confusão

Queria não sentir.

Queria que os meus sentidos

se apagassem

como a chama de um fósforo

e não conhecessem o proibído.

Precisava de não estar contigo

mas tenho de o fazer

para saber se te quero.

Mas não quero e não posso

porque, se quiser,

sei que não te terei a meu lado,

nos meus braços.

E confundes-me com o olhar

e afastas-me com as palavras

e voltas a confundir-me

com os teus gestos

que parecem mímica

ou que desejo serem.

E minto a mim mesma

através da minha racionalidade

e dos sentimentos dos outros

e, provavelmente, dos teus.

E não sei se minto

porque não sei o que sinto

e não esqueço o que quero sentir.

E a tua voz e o teu sorriso

que, outrora, pareciam banais,

ganham vontade própria e vida

e dormem no meu pensamento

e morrem quando me lembro

da dúvida,

da confusão,

do proibído.

25 de Agosto de 2003