BUSCA

Vestida de uma angústia que me queima

eu sigo, assim, sem rumo, pelos becos

podres,escuros, mendigando luz.

O pranto disfarçado em risos falsos,

tenta reter a triste maquiagem

mas, lentamente, deixa ver o eu.

Um ser tão frágil, transbordado em medo,

joelho ao chão, a implorar a sorte

de um candeeiro que lhe indique o norte.

Em passos tortos, vaga por caminhos

com sons e cheiros diversos dos seus

neles procura, solitário e louco

algo que possa assemelhar-se a Deus.

Clama por Ele em noites que se arrastam.

Fita as estrelas...seres tão distantes.

Se já estão mortas como ainda brilham

ante seus olhos ora agonizantes?

O tempo, monstro,que a tudo devora,

toma meu corpo pra saciar sua fome

Quem sabe eu brilhe como plenilúnio

e o rumo encontre,no próprio infortúnio.