A Menina e a Harpista

Num dos mais altos pontos da serra

Onde das folhas se escuta o farfalhar

Um som diferente encheu-lhe os ouvidos

Acordando o que estava ali adormecido

Quando ouviu das cordas o dedilhar

Era um instrumento das épocas celtas

Um número cabalístico no belo formato

Deixou-se em suas ondas ir envolvendo

Como se bebesse da sinfonia, ia absorvendo

Deixando a música transmutar seu estado

Sabia que era energia em forma de ondas

Quando da harpa jorravam cores brilhantes

Magnificadas pelas mãos suaves da harpista

Que cintilava tranqüila tal qual uma pirita

Alquimizando sua arte em diamantes

Acariciadas por ela, suas cordas falavam

Deixando fluir a beleza de sua formosura

Não importava se Sol fosse o sinal da Clave

Harpa e harpista eram “UMA” feito miragem

Num breve arpejar daquela doce mistura

Foram sobrando no ar apenas as notas

Que feito bailarinas fluíam àquela altura

Semibreves, semifusas e colcheias

Tinham cor de ouro feito centelhas

No livro várias pautas sem partitura

Seriam escritas nelas pela própria harpista

O que disse à menina logo em seguida:

“Para aprender terá que perder o medo

Tocar com o coração sem nenhum receio

Mais difícil que harpar é tocar a vida”

À minha querida professora Cássia Doninho, que harpeia fluindo cura através da música, através das mãos ...