CANTIGA PARA ELLEN

Pelas estradas de minha vida, nem percebo os pedregulhos que assolam os meus pés, porque caminho ao som dos ventos nas folhas de alfeneiros gigantescos, e ouço o mavioso cantarolar de Ellen levando e trazendo os meus devaneios , o meu sonhar, o meu pensar e o meu viver.

Nas orlas de lindos lagos, diviso o deslizar sublime de branco cisne e, nas marolas desses lagos, ouço o entoar do cântico de Ellen, saudando o dia, bendizendo a vida.

Nas claras manhãs de inverno, quando toda a relva se veste das gotículas do orvalho de serena manhã, sonho um sonho pequenino e de repente acordo com o enlevo das cantigas de Ellen, sussurrando ao vento sua magia de cantar.

Nas flores que se equilibram nas ramagens verdejantes de pródiga mata e entre os arvoredos perfumados por resinas multicores, vejo a partitura onde ensaias um canto, doce canto de Ellen.

Ao mirar o longínquo horizonte quando os montes tornam se azuis à ótica de brancas nuvens, vem à suave melodia do cantar cadenciado da pequena Ellen, sinalizando um caminho na busca da brilhante vespertina anunciando a noite.

E quando o sol se despede da terra por entre as verdes serras , deixando seu vermelho no céu, afeta me uma saudade gostosa enaltecida pelas vibrações vocais de Náiade Ellen.

E quando me vejo envolto na penumbra da noite adocicada pelos aromas diversos, volta-me à lembrança o sorriso de Ellen e no seu sorriso a voz de angelical coral.

Canta Ellen, eleva sua voz e faz dela a proximidade com anjos e cante junto aos anjos a benevolência e a simplicidade que dá alma à poesia que não pode sobreviver sem o espírito da música.

Entoa teu cântico, pequena e doce Ellen, e das praias do Egeu expande o seu cantar e que os sons de seus lábios possam sussurrar a poética melodia para muito além do mar.

Cante e encante Ellen, e que seu canto desprovido de toda mácula seja um canal que a aproxime de Deus.

São Paulo, 23 de julho de 2008.