Borboleta de ferrão

Minha filha foi bailarina

Ficava na ponta do pé

Agora, a minha menina

Dá soco e dá pontapé

Dança um balé esquisito

Que me custa compreender

Brincando com o inimigo

De apanhar e de bater

Antes girava suave

E ainda gemia de dor

Hoje não chia nem nada

No tatame do taekwon-do

Minha filha borboleta

Voa leve rente ao chão

À moda de Cassius Clay

Apresenta o seu ferrão

Minha filha é uma guerreira

De vestido e maquiagem

É muralha, é uma pedreira

Sem disfarce pra vaidade

Minha filha é borboleta

E é abelha perigosa

Quanto mais doce e serena

Mais temível e venenosa...

*À minha filha, Fernanda, que trocou a suavidade do balé pela asperesa do taekwon-do, na busca necessariamente incessante da felicidade...

Chico Rosa
Enviado por Chico Rosa em 19/04/2009
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