Borboleta de ferrão
Minha filha foi bailarina
Ficava na ponta do pé
Agora, a minha menina
Dá soco e dá pontapé
Dança um balé esquisito
Que me custa compreender
Brincando com o inimigo
De apanhar e de bater
Antes girava suave
E ainda gemia de dor
Hoje não chia nem nada
No tatame do taekwon-do
Minha filha borboleta
Voa leve rente ao chão
À moda de Cassius Clay
Apresenta o seu ferrão
Minha filha é uma guerreira
De vestido e maquiagem
É muralha, é uma pedreira
Sem disfarce pra vaidade
Minha filha é borboleta
E é abelha perigosa
Quanto mais doce e serena
Mais temível e venenosa...
*À minha filha, Fernanda, que trocou a suavidade do balé pela asperesa do taekwon-do, na busca necessariamente incessante da felicidade...