ANJO TORTO
Para meu irmão Deodato Gouveia de Astrê, 73 anos completados em 23 de abril de 2009, Advogado, Jornalista, Escritor, membro da Academia de Letras de Jequié-Bahia e Auditor Fiscal do Estado, desaparecido desde outubro de 2008 em circunstâncias misteriosas e até o presente momento nenhuma pista sobre o seu paradeiro ou do que possa realmente ter acontecido a ele.
Era um anjo de largas asas sempre abertas,
Cavaleiro alado da esperança e dos ideais,
Abrigando sonhos, Dom Quixote em luta,
Contra os moinhos de vento da desigualdade.
O anjo se foi, partiu e ninguém viu seu vôo,
Para o infinito encantado das estrelas vivas,
Que cintilam refletindo um olhar grandioso;
O anjo será uma delas, anos luz inalcançável.
O anjo era uma criança em busca da fantasia,
Fez-se de versos de esperança e traçou rumos;
Não quis lápide porque dela não se serviria;
Mas que apenas dele se lembrassem sempre.
Louco idealista, comunista, brizolista, petista,
Peditório, contraditório, socialista e do povo;
Baderneiro da justiça, incansável trabalhador,
Da massa, da viagem, libertinagem nos bordéis.
Da desordem da noite, violão, uma bela mulher,
Da solidão, da brisa, do jornalismo causticante.
O anjo vive não morreu, e ele está gargalhando,
Vendo-nos aqui por ele ainda em vão buscando.
Ninguém vai encontrar o anjo ele volatizou-se,
Para esfera áurea das ilusões e verdades infindas;
E o anjo como tão especial e intensamente viveu
Deixa aqui a certeza de que ele nunca morreu...
Voa anjo...