A menina dos meus sonhos...

Tímida,

a menina se recolhe em seu canto.

Aprendera a ser assim, uma mera coadjuvante.

Aprendera que seus pensamentos,

seus sonhos, suas palavras e principalmente suas ações...

Nada disso tinha importância.

Crescera assim,

num mar de indiferença.

Aprendera a ser sozinha.

E aprendera a fazer disso seu ponto forte.

Inabalável, a menina demonstra força,

e a mesma indiferença com os que fingem

não percebê-la.

Mas nada disso é real.

Ninguém sabe o que se passa dentro dela.

Frágil como uma boneca de porcelana,

a menina chora.

E chora todas as noites,

e chora sem saber o porquê.

Chora querendo sentir,

chora querendo ser.

Seus olhos...

Seus olhos são uma extensão do infinito.

Parecem querer abrigar, guardar, prender, salvar...

Todos os sentimentos que ela nunca sentiu.

Todos os sentimentos que para ela

pareciam frutos proibidos,

uma caixa de Pandora.

Como se para a menina, fosse um crime amar,

odiar, sorrir, chorar.

Como se fosse máquina.

Seus olhos têm a doçura de criança,

e neles é possível ver, que o universo conspira

para fazê-la feliz.

Mesmo que não acredite.

Mesmo que nunca tenha acreditado.

A menina deveria ser amarga.

A menina cresceu, uma mulher que é apenas uma menina.

Uma mulher que raramente sorri,

raramente sorri com sua alma,

raramente sorri de corpo inteiro.

Mas que quando sorri,

O universo também sorri...

E parece estar contido nas covinhas de seu rosto.