Líbano
Uma Terra que gira, imensa
No espaço esponjoso de sóis.
Nós, alheios. Pisamos seu lombo como gatos,
Arrastamos temores
Criamos compromissos banais
Fazendo de conta negócios.
O mundo mora no horror.
Atmosfera de feras
Vultos, conspirações.
Líbano de flores mortas.
Crianças despedaçadas, avós,
Vísceras soltas, caras cinza
Corações mudos.
Lágrimas de pó, endurecidas
Como garras e facas
A sós.
Não sei com que braços,
Recolhe teus pedaços, Líbano.
Não sei com que sangue
Voltarás a latejar.
Talvez
Nos olhos bola- gude
De tuas crianças vivas
Na poeira das saias
De tuas fortes avós.
Talvez na consciência perdida,
Algum dia,
O mundo- te peça perdão.