Poema para Irma Hadzimuratovic
(Dedicado a pequena vítima da guerra da
antiga Iuguslávia)
Tua imagem, feita de milhões de sinais,
A passear pelo infinito,
Aporta inocentemente patética,
No meu leito.
Milhares de quilômetros estreitos
No milagre da comunicação odiosa,
Une radicalmente nossa dor.
És vítima da podridão humana
Pétala que agoniza.
És o estertor da infância!!!
És dor pungente... Dor terebrante,
Que nem os sentidos
Podem traduzir à alma que se dilacera.
Na agonia infinita beijei tua face,
E, como se Deus existisse
Te vi correr outra vez, feliz pela vida,
E o que restou do meu sonho foi uma cantiga
Que ouvi, enternecido, como se fosse teu pai.