É a minha MÃE

É a minha mãe

Aquela Senhora que não “conjugava” com a vizinhança

Que andava sempre coberta de panos

Que não se apresentava em “condições” no meio das pessoas

Que não podia nos representar nas reuniões escolares por causa da comunicação

Embora cuidou-nos sempre para irmos a escola

Não sabe ler nem escrever

E mal fala português

 

Esta Senhora!

Que acorda sempre cedo para trabalhar

Que vês sempre a varrer a rua para ganhar um salário

E que cedo não volta, até conseguir algo para aldrabar os nossos estômagos

Comprar peixe no porto para revender,

Eram suas horas extras

Passeando de rua a rua com a bacia na cabeça até à praça

Buscando honestamente o pão

Que as vezes a polícia punha-lhe a mão

 

A minha mãe!

Esta senhora que não tem muito para nos dar

Que suporta a fome para nos alimentar

Que de vez em quando bebe álcool para relaxar

 

Essa senhora!

Que duvidas ser a minha mãe

Que pensas que não conjuga comigo

 

Essa Tia!

Essa senhora “pobre”

É a minha mãe

E, com certeza reza muito, silenciosamente, para a nossa felicidade

Batia-nos sempre que errássemos

Não tem vergonha do nosso Ser

É explorada com trabalhos mal compensados

 

Aquela de quem vocês riam

E comentam

É a minha MÃE

Tenho orgulho de ser seu Filho.

 

Mwéene Ndaka
Enviado por Mwéene Ndaka em 17/05/2011
Reeditado em 14/05/2023
Código do texto: T2975595
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