Pedacinho da África

Oh, minha senzala, minha senzala.

Para alguns era motivo de assombro,

Para os cativos servia como sala

Depois de ter rasgado em feridas o lombo.

No descanso da labuta do dia

Só restava deitar sobre a esteira,

E ouvir o canto, um entoado de melancolia

De outro negro em torno da fogueira.

Sobre a palha as mezinhas para curar feridas,

Mas que não curam cicatrizes.

Oh, meu bom Senhor, quantas vidas

Aprisionadas, caladas e infelizes!

Negro velho, negro jovem dentro da senzala.

Ora batucando e cantando no terreiro,

Momentos de descontração e fé que não se abala,

É um pedacinho da África no cativeiro.

Valdemir Barbosa
Enviado por Valdemir Barbosa em 21/07/2011
Reeditado em 17/08/2011
Código do texto: T3110374
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