Aos professores de interior

Canto I

Fessora Ana,

Minha donzela

Me ensina o lápis

Escrever pra ela

A namorada

Que nunca tive

Que nunca soube

Me fez mais livre

Me vê tentando

Me vê já lendo

A água o olho

Já escorrendo

A frase eu leio

Ela se espanta

Eu oro Ana

Tu é a Santa.

Canto II

Fessô Ricardo

Te vejo tão normal

Brincando aquela bola

Um ser cara-de-pau

Beijando as mocinhas

E me deixando mal

Um jeito tão pestinha

Dizendo que é o tal

Mas na sala comigo

Tu fica diferente

“E faça o que eu digo”

E diz o bom pra gente

Me faz um cafuné

Me aponta a borracha

Me diz “como é que é...”

Pergunta “o que tu acha?”

Eu sei que o sinhô

É tudo e o meu nada

Não deixa por favor

De ser a minha guarda.