Ouça. Não entenda.

Eu nem sei se ainda estão aqui

Aquelas fotos que tirei no verão passado

Nem me lembro daquelas palavras que ouvi

Das poesias que recortei do seu retrato.

E aquele beijo ardente

Que fico só nas lembranças

Lembranças de coisas que ainda não vivi.

O pedido de casamento

De um estranho

Um alucinado

Que viaja entre páginas e poeira

Em bebidas e cigarros.

Coisas que são apenas sentimentos

Que surgem num paragrafo

E não tem bem uma explicação.

São porque o são.

Assim como você...

Aguardo sua visita rara

Num dia que estiver disposto

E não tiver desgosto

Quando abrir a janela

E olhar.

Olhar pro mundo a sua volta

Que esta em tudo

Menos dentro de si.

Exceto na sua cozinha

No seu computador

No seu suco de laranja batizado

Nos livros empoeirados da sua estante

Nos papos malucos que você começa

À uma da madrugada

Quando só quero dormi

Mas acabo me rendendo

À suas opiniões furadas

E cada palavra

Que você quiser falar.

Um poeta não é pra entender.

É pra escutar.

Dedicado, desde a hora do seu nascimento, à Silvério Bittencourt.

Caroline Mello
Enviado por Caroline Mello em 23/12/2011
Código do texto: T3403414