Querida Pietá

Odila*

É como todos nós somos:

virtuosa e viciosa;

cheia de qualidades e de defeitos.

Odila

não é deusa e nem anjo: é ser humano,

ama e odeia, chora e ri.

Ri por ter dor que não se cura

e

Chora pelo amor que já teve.

Odila

é a mãe-preta:

suas grandes mamas não me deram leite,

suas mãos me deram comida na boca,

seus braços não me deram colo,

suas mãos esfregaram e lavaram minhas roupas.

Odila

dá soltas gargalhadas da vida que não lhe sorriu;

de empregada doméstica foi levada à Grande Mãe.

Odila

é aquela que criou toda a prole.

Odila

é para toda a rua ‘Dona Odila’

e para mim é simplesmente Odila:

aquela que conosco sorriu,

aquela que viu e sentiu

todas dores e alegria

da famíla alheia que criou.

Esta é a Odila do Congo

e para mim, Pia:

Querida Pietá.

*Para Odila Congo Pinto, minha outra mãe.

L.L. Bcena, 17/10/2000

POEMA 787 – CADERNO: AMOR DORMIDO E SONHADO.

Nardo Leo Lisbôa
Enviado por Nardo Leo Lisbôa em 06/04/2012
Reeditado em 28/07/2012
Código do texto: T3598190
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